C.E.U. Jaguaré , em seu primeiro aniversário de inauguração (27/11/2010). Imagens de arquivo pessoal.
O Centro de Educação Unificado Jaguaré é um local privilegiado por comemorar três aniversários ao ano: chegada dos funcionários pioneiros; chegada do primeiro agrupamento de alunos e educadores; inauguração oficial. Este último evento festejamos neste sábado, 27 de novembro.
Foi um rico momento de vivenciarmos encontros: com a comunidade, com os gestores, com as autoridades e com os educadores das unidades que formam o complexo educacional, esportivo e cultural.
Nos rostos dos presentes via-se alegria, serenidade, participação. Troca de olhares, de palavras, de presenças, de experiências, de visões de mundo. Celebração dessas trocas, que ocorrem diariamente, mas aqui, nesta data, de forma mais solene. Sem isso não há educação. Por isso, somos privilegiados, só na educação há essa possibilidade. E isso é que faz a diferença. "Deixamos um pouco de nós nos outros, recebemos um pouco dos outros em nós", como escreveu Exupery. Precisamos desses momentos, pois a burocracia e o tecnicismo matam, a convivência ressuscita.
Um outro fator também pode (e deve!) ser refletido nessa celebração de encontros: a participação da comunidade não somente em qualidade, mas em quantidade. Isso mesmo, não escrevi errado não! Todos que me conhecem estão acostumados com o fato de que coloco a qualidade acima da quantidade. Mas neste momento faço questão de inverter sim!
A qualidade dos encontros foi enorme, sem dúvida, mas não foi abrangente. Pode enganar nosso olhar o fato de que havia muita gente participando da festa. E tinha. Mas se levarmos em conta que não se trata de uma escola, mas de um conjunto de várias unidades voltadas à comunidade, a participação foi muito fraca.
O C.E.U. foi construido para uma comunidade enorme: o distrito do Jaguaré tem uma população residente de mais de trinta mil habitantes (além da população flutuante, há muitas empresas no bairro, somos rota para vários bairros e cidades). A Vila Nova Jaguaré, que está na "porta" do C.E.U. tem uma população que corresponde há quase um terço da população do distrito, com grande índice de vulnerabilidade social em consequência da suposta falta de espaço para cultura e lazer - para superar essa lacuna é que o C.E.U. foi estrategicamente edificado onde está! Então, cadê a comunidade na festa de aniversário do C.E.U.? Era para estar lotado em todos os espaços!
Duas (das várias) autoridades presentes: Alexandre Schneider (Secretário Municipal da Educação, à esquerda) e Waldecir N. Pelissoni (Diretor Regional da DRE de Pirituba) chegam para as comemorações do aniversário do C.E.U. Jaguaré, acompanharam o grupo de professores em suas observações sobre os problemas do entorno da Unidade. Foto de arquivo pessoal, mostrando pessoas públicas em evento público.
Quem falhou? Onde e como? Uma autoridade, questionada por um grupo de professores sobre a situação do trânsito no entorno, chegou a desabafar que veio para uma festa, não para ouvir reclamação. Tudo bem que não devemos misturar as coisas, festa com reclamação, mas celebrar uma festa (isso é o que fizemos) é refletir sobre o que está bom e o que precisa ser aprimorado. A vida é assim. Por isso proponho essa reflexão: cadê a população na festa do C.E.U.?
Será que essa população ainda não se apropriou desse importante equipamento? Já faz um ano que estamos em funcionamento, daria para a apropriação deste espaço público estar ocorrendo progressivamente. Invertendo a questão: o que o C.E.U. Jaguaré tem feito para aproximar-se da população? Quais estratégias, quais ruidos de comunicação podem estar por trás desse distanciamento?
Repito: celebrar uma festa vai além da alegria, pois esta deve ser plena e abrangente. Refletir é uma capacidade humana que não dever ser esquecida, em nome de nada e de ninguém. Vamos "arregaçar as mangas" ainda mais e refletirmos sobre como podemos fazer-nos presentes na vida da comunidade. Afinal não é isso que tanto se fala que os educadores devem fazer?
Abraços fraternais.
João César
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