domingo, 16 de janeiro de 2011

Educação: fazer-se presente no outro.

Estamos começando mais um novo ano. Oportunidade de refletir sobre o que já fiz e o que pretendo fazer.


Fui questionado por um amigo de infância pelo fato de lecionar, pela terceira vez consecutiva, para um quarto ano. Logo eu que sempre lecionei para primeiros e segundos anos.


Trabalhar com alfabetização é algo muito gostoso. Isso fiz por muito tempo, com os primeiros e segundos anos. Alfabetização é uma brincadeira a mais para a criança. E para o professor também. É algo muito gratificante, quer no processo (brincando com as letras e seus sons), quer o resultado (emociona ver a criança lendo pela primeira vez).


Mas trabalhar com os quartos anos tem algo especial: os alunos começam o ano como crianças e terminam como adolescentes. Esse processo de transformação é lindo, emocionante, gratificante. Ano passado (2010), quando recebi a ata da ultima reunião do Conselho de Classe das mãos do Coordenador Pedagógico, fiquei emocionado. Parece besteira, mas não é: Ver cada um daqueles nomes de alunos, lembrar de cada um deles, de como eram e como ficaram, é algo emocionante (inclusive as histórias vividas e os alunos que se desbloquearam e conseguiram ser alfabetizados). Aqueles alunos não são mais os mesmos, nem eu: nos transformamos, nos modificamos, nos construímos; somos parceiros nas conquistas e também nas derrotas.


É contato duradouro, que fica para toda vida. Lembro-me de outros quartos anos para os quais lecionei em 2005 e 2009: encontro com esse pessoal até hoje nas ruas. É um reencontro gostoso, pois esses relacionamentos ficam para sempre: não somos mais alunos e professores, mas amigos!


Isso aprendi com um grande educador, hoje santo da Igreja Católica (Dom Bosco). Descobri com ele que educar vai além de conhecimentos e conteúdos. É fazer-se presente: eu no outro, o outro em mim. É mostrar-se interessado pelo outro, participar daquilo que gostam. É sorrir sim (muitos colegas me criticam por isso), mostrar que a educação é algo bom para o educador e para o educando.


Sempre, ao terminar um ano letivo, ouço de varios alunos: "já acabou o ano? nem senti passar". E eu evito faltar: gosto de saborear, degustar cada momento em sala de aula. Loucura? Depende do ponto de vista. Prefiro dizer que trata-se de vivenciar momentos. E isso é exclusividade de nossa profissão. Temos muitas coisas tristes e perigosas; mas temos também esses momentos únicos. Basta descobri-los e vivencia-los.


Ou vamos permitir que os momentos negativos apaguem essas lembranças?


Nesse sentido: seja bem vindo, 2011! Sejam bem vindos, alunos! Sejam bem vindos, colegas educadores!


Professor João César
janeiro de 2011.