No dia 20 de maio de 1997, exatamente às 13 horas, eu iniciava minha caminhada pedagógica na Rede Municipal de Educação de São Paulo. Mais precisamente, na EMEF Marechal Espiridião Rosas, em um primeiro ano, com crianças de seis anos de idade. Permaneci nessa mesma escola até 2009, construindo uma riquíssima história junto à Comunidade Escolar. Agora faço parte da recém iniciada história do CEU EMEF Jaguaré.
Mas minha trajetória na Educação teve início um pouco antes, no dia 1º de novembro de 1995, na Escola Estadual Maria Eugênia Martins, como professor substituto (contrato de estagiário já formado) de primeiro ao quarto ano, convidado por meu ex-professor, naquele momento como vice diretor. Naquela data iniciei substituindo uma colega, em sua classe de segundo ano. Minha rápida permanência foi marcada por muitas conquistas, mas também por muitos tropeços - comuns a quem está iniciando.
Minha iniciação naquela escola estadual foi marcada não somente pelas regências de aulas, mas também por levar alunos doentes para suas moradias, na Vila Nova Jaguaré, muito antes da urbanização. Eram momentos interessantes, pois a Vila daquela época era composta por muitas casas simples, muitos barracos e esgoto a céu aberto. Mas em cada uma dessas simples moradias, nas quais chegava-se passando por dentro de outras, eu sentia um ambiente de muita simplicidade, paz e acolhimento. Era engraçado porque eu havia levado as crianças às suas moradias, mas elas precisavam levar-me de volta a alguma rua, pois senão eu não conseguiria voltar para a escola. E era verdadeiramente difícil sair dali, não somente pela Geografia específica do lugar, mas pelo acolhimento que aquelas famílias me davam. E então entendi porque o Pároco da Igreja São José do Jaguaré, Padre Roberto Grandmaison, residiu por muito tempo ali e tem muito carinho para com aquele pessoal até hoje.
O tempo passou, a Prefeitura de São Paulo chamou-me para assumir as aulas em sua rede. Como meu contrato com o Governo Estadual iria terminar em breve, optei em ficar somente na Rede Municipal, mesmo após trabalhar algum tempo em ambas redes. Nessa ocasião aconteceu algo muito interessante: na escola municipal já citada, além de eu lecionar em um primeiro ano no período da tarde, eu substituía colegas no período da manhã. Nessas substituições, encontrei-me com vários daqueles alunos que estavam na escola estadual. Foi um reencontro maravilhoso.
Nessa escola municipal havia uma estrutura humana bem melhor para trabalhar, quer pelos colegas e demais funcionários, quer pela direção e coordenação pedagógica da época, a qual me incentivava bastante no trabalho com aqueles alunos. Chamou-me a atenção que a Coordenadora Pedagógica conhecia cada aluno pelo nome, e isso do primeiro ao oitavo ano. Também havia um coral, formado por professores e alunos, que se reunia semanalmente para ensaios e apresentações. Muitos problemas pertinentes ao relacionamento humano eram possíveis de se resolver a partir dos vínculos formados nesse coral.
O tempo passou mais ainda, cada educador desse núcleo inicial tomou seu rumo, outros vieram para somar forças, mas uns poucos vieram para dividir, semear conflitos, forçando indiretamente muitos educadores a se removerem para outras escolas.
Vários desses educadores (sobreviventes de naufrágio, como eu) se removeram comigo para a recém inaugurada EMEF no CEU Jaguaré. Conto com uma equipe maravilhosa de colegas e também uma equipe ótima na direção e coordenação, lembrando muito aquele saudoso 1997 na outra EMEF. E ai nova surpresa: basicamente os alunos são da Vila Nova Jaguaré, muitos são daquelas mesmas famílias que eu já tinha contatos desde os tempos da rede estadual de ensino, passando pela EMEF Marechal Espiridião Rosas e agora no CEU EMEF Jaguaré. E mais: no inicio do ano de 2010 encontrei-me com uma ex aluna minha, de uma das minhas primeiras turmas. Ela estava levando seu filho para o CEI (creche) que funciona no CEU. Acredito que daqui há algum tempo ele será meu aluno na EMEF, dando continuidade a este gostoso ciclo de vida dentro da escola, que iniciei de forma efetiva nesta data, a qual comemoro neste momento.
Apesar de tantos problemas que passamos dentro de nossas escolas, é preciso registrar esses momentos importantes, a fim de que nossas vidas ganhem sentido novo. Afinal, se as flores são capazes de retirar seu sustento do estrume, quem somos nós para ignorarmo momentos importantes que marcam nossa carreira?
Ah, eu não posso esquecer de citar que também passei por outras escolas concomitantes a essas,mas ai seria uma história para outra ocasião.
Grato a todos que permitiram que momentos assim existissem. E, apesar de tudo, estou disposto a caminhar em frente por mais tempo.
quinta-feira, 20 de maio de 2010
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